HISTÓRIAS DE AMOR - ASAS AZUIS

Naquela tarde, o carteiro bateu à sua porta.

A caixa de correios havia se quebrado com uma bolada dos garotos da rua, e pela primeira vez em anos, Roseli recebeu as cartas em mãos. Quando abriu o portão, seus olhos pousaram primeiro no boné azul-marinho do rapaz — e só depois perceberam: uma borboleta azul estava ali, perfeitamente imóvel, como se houvesse escolhido aquele lugar para descansar.

Naquele dia, quando a borboleta azul pousou no boné do carteiro, Roseli não pensou em presságios. Mas seu coração, tão acostumado a procurar sinais, silenciou. Era como se a própria vida tivesse lhe entregue uma carta sem palavras — e ela soubesse exatamente o que estava escrito.

O carteiro sorriu, sem saber. Ela sorriu de volta, sabendo demais.

— Você aceita um café?

Cleiton era seu nome. Simples, gentil, com olhos de quem nunca tem pressa. Vieram outras entregas. Outras conversas. Outros cafés. E, sem que precisassem dizer muito, tudo se transformou em hábito.
Exatamente um ano depois, Roseli disse sim.

Alguns encontros não fazem barulho. Apenas pousam.