
Mais tarde, tive a oportunidade de conhecer também Lama Gangchen Rimpoche, assistir a diversas palestras e mergulhar nas leituras de laguns livros. Aprendi que o sofrimento, tão comum a todos nós, não é castigo nem acaso: é um reflexo das próprias atitudes da mente.
Os Três Venenos da Mente
A filosofia budista ensina que o sofrimento humano nasce de três causas principais, conhecidas como os três venenos da mente: o apego, a ignorância e a aversão. Esses estados mentais distorcem a percepção e nos afastam da serenidade natural. Quando estão ativos, a mente perde o equilíbrio, e a vida passa a ser guiada pelo desejo, pelo medo ou pela rejeição.
O Apego e a Ilusão de Controle
O apego é talvez o mais persistente dos venenos mentais. Ele nasce do desejo de reter o que é impermanente (pessoas, situações, bens ou identidades) e da crença ilusória de que podemos controlar o fluxo da vida. A mente apegada busca segurança em um mundo que, por natureza, está sempre mudando. O resultado é previsível: quanto mais tentamos segurar, mais sofremos quando a vida se move.
Essa tendência aparece com força nos períodos em que Plutão, na astrologia, forma trânsitos desafiadores em nossos mapas. Plutão simboliza os processos de morte e renascimento, o desmantelamento do que é falso e o convite ao desapego profundo. Ele nos empurra a abandonar velhas estruturas, máscaras e apegos que já não servem mais à alma. E quanto mais resistimos, maior o sofrimento.
A Ignorância e o Esquecimento da Lei de Causa e Efeito
No ensinamento budista, a ignorância é a raiz do sofrimento. Não se trata da falta de conhecimento intelectual, mas da cegueira espiritual, o esquecimento das leis que regem a vida. Quando ignoramos a interdependência entre todas as coisas e a relação entre causa e efeito, vivemos desconectados do sentido maior da existência.
Essa ignorância se manifesta no dogmatismo, nas crenças rígidas e na resistência a enxergar além do próprio ponto de vista. É a mente fechada que confunde fé com certeza, e conhecimento com verdade.
Na astrologia, esse tema encontra ressonância, por exemplo, na Casa 9, em Júpiter e no signo de Sagitário — símbolos da expansão da consciência, da sabedoria e da visão espiritual. Quando essas energias estão bloqueadas, surgem posturas moralistas, arrogância intelectual e fanatismo. Quando estão integradas, abrem caminho para a verdadeira compreensão: aquela que une discernimento e compaixão.
Buscar sabedoria é o antídoto natural contra a ignorância. É questionar, estudar, observar, e sobretudo, experimentar a vida com consciência. A lei de causa e efeito (conhecida no Oriente como carma) não é uma punição, mas um reflexo exato da energia que emitimos. Cada pensamento e ação deixa uma marca, e compreender isso nos torna responsáveis pela própria jornada.
A Aversão e o Veneno da Reatividade
A aversão é a tendência de rejeitar o que nos desagrada ou contraria nossas expectativas. Surge da mesma ilusão que sustenta o apego: a de que podemos controlar a vida e moldá-la conforme nossos desejos. Quando algo foge ao que idealizamos, reagimos com irritação, impaciência, raiva ou ressentimento. É uma reação instintiva, um movimento de defesa do ego diante do desconforto.
No entanto, o que chamamos de “mal” ou “erro” costuma ser apenas o reflexo de uma parte de nós que ainda não compreendemos. A mente reativa vê inimigos e obstáculos onde há apenas espelhos. Aversão e raiva são formas de resistência ao aprendizado.
Na astrologia, esses impulsos se manifestam com frequência através de Marte, planeta das ações e dos instintos, e também em certos trânsitos de Urano, que nos confrontam com o inesperado. Quando essas forças estão em desequilíbrio, reagimos por impulso, movidos pelo desejo de provar algo ou de eliminar o que nos ameaça. Quando estão integradas, nos tornam corajosos, autênticos e capazes de agir com clareza, sem perder o centro.
A Superação do Sofrimento e o Caminho da Consciência
Ignorar a lei de causa e efeito é viver inconscientemente. Quando não percebemos que o sofrimento nasce de atitudes e pensamentos desequilibrados, perdemos o poder de transformação. A consciência dessa lei é libertadora porque devolve ao ser humano a responsabilidade sobre a própria felicidade.
A mente indisciplinada cria turbulência, enquanto a mente treinada gera paz. A meditação é uma das práticas mais eficazes para observar e compreender o próprio funcionamento mental. Ao silenciar o ruído interno, aprendemos a não reagir por impulso e a reconhecer que todo sofrimento é uma oportunidade de aprendizado.
Todas as criaturas buscam a felicidade e evitam a dor, mas o ser humano tem algo que o diferencia: a capacidade de discernimento. Nosso intelecto permite distinguir o que nos eleva daquilo que nos aprisiona, e escolher conscientemente as ações que geram harmonia. A felicidade não acontece por acaso; é fruto de atitudes coerentes com as leis universais.
Os grandes mestres espirituais sempre apontaram esse mesmo caminho. Buda, Cristo e tantos outros ensinaram que a libertação nasce do controle da mente, do cultivo da compaixão e da prática diária da virtude. Esses ensinamentos são sementes vivas: quando colocadas em ação, germinam lentamente e transformam o modo como percebemos o mundo.
Conclusão
Os ensinamentos espirituais são como sementes: contêm em si todo o potencial de transformação, mas precisam ser cultivados com paciência e prática constante. Não podemos colher frutos de sabedoria se não estivermos dispostos a preparar o solo, plantar, regar e cuidar da árvore que cresce.
Do mesmo modo, o aprendizado sobre as causas do sofrimento só produz resultados quando é vivido no cotidiano — nas escolhas, nas relações, nas reações silenciosas da mente.
Cada ato consciente, cada esforço por manter a mente desperta, fortalece as raízes da paz interior.
Com o tempo, essas sementes brotam naturalmente em atitudes mais compassivas, serenas e equilibradas. E o que antes era dor se transforma em compreensão. O que antes parecia obstáculo se revela como parte do caminho.
“O pensamento é a única força que dá vida ou a destrói, dependendo de como é dirigido, se para o bem ou para o mal”. Prentice MulfordQuer se aprofundar?
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absolutamente arrebatador. sublime. vc está num caminho ascendente impressionante.~~
ResponderExcluirHoje não lhe envio um abraço, mas sim um beijo.
Querido amigo!!!!
ResponderExcluirFiquei emocionado com seu comentário. Estou mais feliz, de fato. Isso é um bom sinal né? :)))
Retorno o beijo com o chacra cardíaco expandido!!!!
Adorei ler o seu post.
ResponderExcluirObrigada por palavras tão esclarecedoras.
Abraço:)
Janice
Mais uma vez obrigada Marcelo =)
ResponderExcluirBjs
Muito bom Marcelo!
ResponderExcluirJá li alguns textos sobre isso e acho que o mais difícil pra mim é o apego. Sou muito apegada a meus cachorros por exemplo e a simples idéia que eles não serão eternos não pode nem surgir na minha mente que já dói muito que tiro na hora.
A lei da causa e efeito já está muito bem internalizada e não sou de guarda rancor, muito pelo contrário, esqueço totalmente.
Mas, vamos tentando...
O seu texto é excelente.Parabéns!
Beijos
Saudades daqui!rs..rs..
ResponderExcluirNada é por acaso...Aprender rever e Sentir... é busca é Salto.
Um abraço
@Janice
ResponderExcluir@Nathalie
@Sílvia
@Bya
Eu é que agradeço as visitas e os comentários carinhosos de vocês. Sejam sempre muito bem vindas!!!!
Grande bjo
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