Amor-próprio, Carência e Abundância: Reflexões para a Lua Minguante

 Mulher em postura de meditação diante de uma janela aberta para um céu estrelado, simbolizando paz interior, mindfulness e conexão com o universo.

A Lua Minguante é tradicionalmente associada a um período de introspecção, limpeza e desapego. Depois do movimento expansivo da Lua Cheia, este é o momento de silenciar, observar e refletir sobre o que já não serve mais. Uma fase em que somos convidados a rever padrões, dissolver conflitos e liberar pesos internos.

Na busca de realização pessoal, três temas se destacam: amor-próprio, carência e abundância. Amar-se é o primeiro passo para viver em paz consigo mesmo. Reconhecer a carência é essencial para não cair em autossabotagens e relações nocivas. E compreender que a verdadeira prosperidade nasce da gratidão e da presença pode transformar por completo a forma como nos relacionamos com a vida.

Vale a pergunta: estamos vivendo no automático, presos em faltas e cobranças, ou estamos cultivando a liberdade interior que só o amor-próprio e a consciência podem oferecer?

Amor-próprio e presença
Chave para a paz interior

Amar-se e aceitar-se é o primeiro passo para viver com autenticidade. Sem amor-próprio, acabamos moldando nossa vida para atender expectativas externas, tentando agradar ou buscar validação no olhar do outro. Essa dependência gera insegurança e nos afasta da verdadeira realização pessoal. Quando cultivamos autoconhecimento, aprendemos a reconhecer quem somos e a valorizar nossa própria essência.

Os conflitos que vemos no mundo — sociais, políticos, familiares — muitas vezes são reflexos diretos dos conflitos internos de cada indivíduo. Quem não está em paz consigo mesmo projeta sua insatisfação para fora, buscando controlar, criticar ou competir. É como se a falta de harmonia interior alimentasse os ruídos coletivos.

Grande parte da humanidade vive nesse modo reativo: presa a crenças rígidas, diálogos mentais incessantes e velhos padrões de autossabotagem. Tudo exerce poder sobre quem não está presente — uma notícia ruim, o trânsito congestionado, a opinião de um vizinho. O resultado é uma vida conduzida mais por impulsos do que por escolhas conscientes.

Romper esse ciclo começa com algo simples e profundo ao mesmo tempo: parar, respirar e trazer a atenção para o momento presente. A prática da presença nos ajuda a dissolver pensamentos automáticos e a recuperar o centro. Quando estamos inteiros, cultivando amor-próprio e autoconhecimento, a paz interior deixa de ser uma utopia distante e passa a ser um estado acessível, capaz de sustentar uma vida mais plena e autêntica.

Afinal, não importa o que o outro diz ou pensa se eu me amo, se estou consciente de que sou eu que crio a minha realidade.

Carência e autossabotagem
Como reconhecer os padrões

Cada pessoa encontra uma forma particular de lidar com a carência, mas quase sempre de maneira inconsciente. Uns se perdem em vícios — álcool, drogas, comida em excesso. Outros se envolvem em relações duvidosas apenas para não se sentirem sozinhos. Há quem mergulhe no consumismo, acumulando objetos e dívidas como se isso pudesse preencher um vazio existencial. Muitos buscam atenção a qualquer custo, cobrando dos parceiros, inventando histórias ou exagerando para conquistar aprovação.

Esses comportamentos parecem diferentes, mas têm a mesma raiz: a tentativa frustrada de aliviar uma sensação de falta. A carência afetiva cria um buraco no peito que nunca será preenchido por estímulos externos. É como beber água salgada para matar a sede: quanto mais buscamos fora, mais insaciáveis nos tornamos. O resultado é um ciclo de autossabotagem: queremos ser amados, mas agimos de modo a afastar o afeto genuíno; buscamos reconhecimento, mas ficamos presos em cobranças e comparações; desejamos paz, mas cultivamos ansiedade e compulsões.

A carência raramente se mostra de forma direta. Ela se disfarça em comportamentos que parecem normais ou até valorizados. Alguns exemplos:

  • Workaholic: mergulhar no trabalho sem limites pode parecer dedicação, mas muitas vezes é uma fuga para não encarar sentimentos de solidão ou inadequação.
  • Consumismo e acúmulo: comprar compulsivamente, colecionar objetos ou viver na busca pelo “último lançamento” são formas de tentar preencher a falta com coisas externas.
  • Excesso de vida social: quem nunca para, sempre em festas, baladas ou eventos, muitas vezes teme o silêncio e o confronto consigo mesmo.
  • Dependência emocional: cobrar atenção constante, sentir ciúmes excessivos ou medo de abandono são sinais claros de que a carência está no comando.
  • Busca por aprovação: exagerar histórias, tentar sempre fazer graça ou agradar todo mundo pode esconder o medo de não ser aceito pelo que se é de verdade.
Consigo enumerar mais alguns:

  • Perfeccionismo: buscar aprovação através de padrões inalcançáveis, acreditando que só será digno de amor quando tudo estiver “perfeito”.
  • Exagero na espiritualidade ou no “ajudar os outros”: usar práticas espirituais ou o papel de “salvador” como fuga do próprio vazio interior.
  • Humor compulsivo: estar sempre tentando arrancar risadas, mesmo em situações inadequadas, para não mostrar fragilidade.
  • Autodepreciação: fazer piadas constantes consigo mesmo ou se diminuir para conquistar atenção e cuidado.
  • Competitividade excessiva: transformar tudo em disputa, como forma de provar valor e buscar reconhecimento externo.
  • Exibição nas redes sociais: necessidade contínua de likes, curtidas e validação digital como forma de se sentir visto e valorizado.

O problema não é trabalhar, comprar ou se relacionar, mas a motivação por trás. Estou escolhendo por plenitude ou reagindo a partir da falta? Estou consciente das minhas ações ou apenas repetindo velhos padrões?

Saber como lidar com a carência afetiva começa nesse ponto: reconhecer as máscaras, encarar com honestidade e fortalecer o amor-próprio. Sem essa consciência, ficamos presos em compensações externas. Quando aprendemos a nos nutrir de autoestima e presença, a necessidade de provar ou mendigar afeto se dissolve — e abrimos espaço para relações mais saudáveis e uma vida mais plena.

Homem em um quarto iluminado pelo sol, olhando para si mesmo no espelho em meio a objetos espalhados pelo chão, simbolizando a busca por autoaceitação.

Do vazio à abundância
A transformação pelo amor

Haja terapia, meditação, autoconhecimento, consciência, maturidade e desenvolvimento espiritual para perceber uma verdade essencial: aquele vazio no peito que provoca desejos insaciáveis nunca será preenchido por “coisas” externas. Podemos até buscar alívio em relações, conquistas, bens materiais ou distrações, mas cedo ou tarde a sensação de falta retorna.

Sofremos por amor porque ainda não aprendemos a nos amar. Enquanto projetamos no outro a responsabilidade por suprir nossa carência, caímos na armadilha da cobrança. Mas amor não se cobra, amor se oferece. Quanto mais exigimos do outro, menos recebemos, porque a cobrança nasce do medo e não da confiança.

Carência é insatisfação. É viver em sintonia com a falta, enxergando sempre o que não existe em vez de valorizar o que já está presente. Esse olhar nos mantém presos a padrões de escassez, repetindo relações nocivas e comportamentos que drenam nossa energia.

O caminho da transformação está em compreender que amor e prosperidade são expressões da mesma energia. Quanto mais plenos nos sentimos, com o peito nutrido de autoestima e gratidão, mais abrimos espaço para que a abundância se manifeste em todas as áreas da vida. A gratidão, nesse processo, funciona como chave: muda a frequência do coração e nos conecta àquilo que já temos de valioso.

Todos os aprendizados ao longo desse percurso — erros, terapias, quedas e conquistas — são bem-vindos, pois cada um deles nos aproxima da essência. É uma caminhada de consciência e amadurecimento que, passo a passo, nos prepara para viver a experiência do verdadeiro amor: aquele que não depende de cobranças ou expectativas, mas brota da presença, da liberdade e da autenticidade.

Poética do amor

Depois de tantas buscas, compreensões e aprendizados, a poesia tem o poder de dizer em poucas linhas o que muitas vezes tentamos explicar em longos discursos. Carlos Drummond de Andrade, em As Sem-Razões do Amor, sintetiza de forma simples e bela a natureza do amor verdadeiro — livre de regras, cobranças e expectativas:

“Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.”

Esses versos nos lembram que o amor, quando genuíno, não precisa de justificativas nem se apoia em condições. Ele simplesmente flui, abundante e espontâneo, como parte da própria vida.

Figura humana dourada em meditação, com um coração luminoso irradiando energia do peito, representando autoconhecimento e expansão espiritual.

Conclusão

A jornada do autoconhecimento nos mostra que amor-próprio, carência e abundância não são temas separados, mas faces de um mesmo processo. Quando nos desconectamos de nós mesmos, caímos no ciclo da falta e da cobrança. Quando cultivamos presença, gratidão e autoestima, abrimos espaço para que a vida se expresse com mais fluidez, prosperidade e verdade.

O convite é simples e profundo: olhar para dentro, soltar velhos padrões, parar de buscar fora o que só pode ser encontrado no íntimo. Amar-se é o passo inicial para transformar o vazio em plenitude e para permitir que o amor verdadeiro, aquele que não se mede nem se explica, possa florescer.

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