Um post nostálgico: quero compartilhar ilustrações que fazia há cerca de
quinze anos, uma série que recriava cartazes de filmes. Na época explorava o
traço vetorial, as linhas limpas, inspirado pelos cartazes retrô e pela
estética divertida do artista Shag. Era uma fase experimental, de muito prazer
no processo. Queria traduzir personagens do cinema para um mundo meu, sem
realismo, sem preocupação de copiar rosto nenhum, apenas capturando atmosfera,
gesto e humor.
Revisitar essas ilustrações desperta uma
sensação curiosa. Enxergo escolhas que já não faço mais, percebo exageros,
simplificações e até ingenuidades. Ao mesmo tempo, reconheço muitas coisas que
sigo explorando: composição, cor, síntese, narrativa visual.
The Sound of Music — A Noviça Rebelde
Filme que marcou minha infância e que sempre associo a um sentimento de abertura, liberdade e encantamento. Na ilustração, a paisagem generosa e a figura estilizada criam um contraste que funciona como síntese dessa memória afetiva. Meu objetivo era preservar o movimento, a sensação de amplitude e aquele impulso quase ingênuo de correr pelos campos, mesmo dentro da linguagem vetorial que pede síntese e contenção.
Breakfast at Tiffany’s — Bonequinha de Luxo
Mais um filme inesquecível. Esta ilustração é uma releitura vetorial do cartaz original do filme. A figura alongada, a silhueta minimalista e a paleta vibrante seguem o espírito estético do poster, traduzidos para o estilo que eu explorava na época. Minha intenção era preservar a elegância kitsch do imaginário pop e o charme visual do material promocional, sem tentar reproduzir Audrey Hepburn de forma literal. A síntese era o ponto central: manter a leveza, o humor e o brilho icônico que o cartaz sempre carregou.
Cabaret
Para esta peça me inspirei diretamente nos cartazes originais de Cabaret, que trazem uma combinação forte entre o vermelho do palco, a teatralidade de Sally Bowles e o clima burlesco do musical. Na minha releitura, a personagem ganha linhas ainda mais geométricas, com o corpo alongado e o cenário reduzido ao essencial, sustentado pelo círculo vermelho do holofote. A ideia era preservar o impacto visual dos posters clássicos e, ao mesmo tempo, traduzir sua energia para o estilo vetorial que eu explorava na época. O resultado mantém o humor, a atitude e a teatralidade que sempre fizeram parte do universo de Cabaret.
Cadillac Records
Essa releitura foi uma criação livre, inspirada no tributo que Beyoncé fez à cantora Etta James. O amarelo vibrante e o vestido estruturado criam um contraste elegante com o fundo escuro, reforçando o clima de palco e o estilo dos anos 50. A figura alongada segue o estilo que eu explorava na época, uma escolha estética que deixava o corpo mais leve, quase etéreo.
Gentlemen Prefer Blondes — Os Homens Preferem as Loiras
O pink saturado e o humor da cena destacam o espírito leve da comédia musical. A composição com múltiplas mãos oferecendo joias reforça o tom teatral e exagerado que faz parte da identidade do filme. A ilustração recria a famosa cena musical de Gentlemen Prefer Blondes (Os Homens Preferem as Loiras), de 1953.
As imagens dessa sequência ficaram marcadas na minha memória desde garoto, quando vi o filme pela primeira vez. Com o tempo, a cena se tornou um ícone visual, revisitado, remontado e homenageado inúmeras vezes. Madonna, que em 1985 consolidava sua carreira como rainha pop, fez a releitura mais célebre no clipe de Material Girl. Minha versão segue essa linhagem de referências afetivas, traduzindo tudo para o traço vetorial que eu explorava na época.
Elizabeth – The Golden Age
Provavelmente a peça mais detalhada dessa fase. A composição simétrica, os ornamentos e a arquitetura gótica criam uma atmosfera quase solene. A figura estilizada contrasta com a riqueza do cenário, gerando um jogo visual que sempre me agradou. Era uma tentativa de unir rigor histórico, fantasia e uma estética gráfica limpa, algo que eu pouco experimentava na época.
Este trabalho carrega também uma homenagem dupla. Primeiro, à própria Rainha Elizabeth I, figura histórica fascinante, que reinou por quarenta anos e consolidou as bases do império britânico. Uma rainha forte, estratégica, carismática. Segundo, à atriz Cate Blanchett, de quem sou grande admirador. Ela incorporou Elizabeth com uma intensidade rara, e os dois filmes em que interpreta a monarca continuam entre as minhas obras favoritas do gênero histórico.
Gilda
Seguindo a proposta de recriar imagens icônicas em estilo cartoon, aqui explorei a sensualidade através da economia de formas. A pose famosa, o vestido preto e o fundo azul criam uma narrativa instantânea, reconhecível em um segundo. É uma das ilustrações que mais se beneficia da linguagem vetorial, que acentua gesto e charme sem cair na caricatura pesada. Uma síntese gráfica de um mito do cinema, preservando o magnetismo da personagem em linhas simples e diretas.
Cine Presidente
Para concluir a série, incluí uma recriação do cinema da minha cidade, Itajubá. no sul de Minas Gerais. O Cine Presidente, onde assisti a muitos dos filmes que marcaram minha infância e adolescência. Era um prédio lindo, com aquele charme Art Deco que dava personalidade às salas de rua. Infelizmente, foi demolido e no lugar hoje existe uma loja de departamentos. Esta ilustração é minha homenagem àquele tempo e àquela experiência que ajudou a formar meu olhar para o cinema, para a arte e para a vida.
Quem quiser ampliar alguma dessas ilustrações, é só deixar mensagem e combinamos.
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