OS APÓSTOLOS E OS SIGNOS DO ZODÍACO - Uma Visão Arquetípica da Última Ceia

Pintura A Última Ceia de Leonardo da Vinci com os doze apóstolos em torno de Jesus, cada um representando simbolicamente um signo do zodíaco.

A Última Ceia, pintada por Leonardo da Vinci, é um dos maiores símbolos do cristianismo e uma das imagens mais analisadas da história da arte. Além das interpretações religiosas e estéticas, também podemos abordá-la por uma perspectiva simbólica e arquetípica. Os doze apóstolos, dispostos em grupos de três, expressam emoções e gestos que dialogam com os doze signos do zodíaco. 

Essa associação, sugerida por Pedro Tornaghi em seu livro Leonardo Astrólogo (Ed. Bertrand Brasil), revela como os signos também podem ser compreendidos como expressões das múltiplas facetas humanas na jornada da consciência — com Jesus no centro, simbolizando a integração de todas essas forças.

Segundo essa leitura, os apóstolos estão organizados da direita para a esquerda de Jesus, espelhando a ordem do zodíaco.

  • À direita de Jesus, iniciamos com Simão, representando Áries. Sua postura altiva e firme simboliza o impulso de liderança, a prontidão para agir, típica do signo cardinal do fogo. 
  • Logo ao lado, está Judas Tadeu, associado a Touro. A iluminação recai sobre o pescoço e ombros – regiões regidas por esse signo –, reforçando a relação com os sentidos, o corpo e a estabilidade.
  • Em seguida, encontramos Mateus, ligado a Gêmeos. Sua juventude transparece nas feições, e sua atitude entre olhar para Simão e apontar para Jesus traduz bem a inquietação geminiana, a curiosidade e a dualidade do pensamento. 
  • Filipe, o quarto da sequência, é identificado com Câncer. Em pé, com um gesto protetor e sensível, ele manifesta o cuidado e a compaixão típicos do signo que rege a maternidade e os vínculos afetivos.
  • Tiago Menor, o quinto, representa Leão. Sua postura dramática, de braços abertos e peito exposto, evidencia a teatralidade leonina, a necessidade de expressar-se e de ocupar um lugar central com generosidade. 
  • Em contraste, Tomé, o sexto, corresponde a Virgem. O dedo em riste, crítico e inquisitivo, é um traço clássico do virginiano atento aos detalhes, que questiona o que não está em perfeita ordem.
  • No centro da composição, ao lado de Jesus, está João, associado a Libra. Com feições suaves e mãos entrelaçadas, há quem o identifique como Maria Madalena. Essa delicadeza e senso de harmonia revelam o arquétipo venusiano da conciliação, da beleza e da partilha. 
  • A seguir, temos Judas Iscariotes, que representa Escorpião. Carregando a bolsa com as trinta moedas, personifica o signo da transformação profunda, da morte e do renascimento. Sem sua traição, não haveria crucificação nem ressurreição — temas profundamente escorpianos.
  • Pedro, nono da sequência, está ligado a Sagitário. Considerado o primeiro Papa, ele traz o símbolo do centauro: entre o instinto e a sabedoria. Na pintura, seu gesto agressivo, com um punhal oculto, revela o lado mais impulsivo e animal desse signo regido por Júpiter, que oscila entre fé elevada e ações intempestivas.
  • André é Capricórnio. O mais velho entre os apóstolos, seu gesto de contenção, com as mãos em posição defensiva, remete à rigidez e prudência saturninas. Representa a tradição, a estrutura e o dever. 
  • Tiago Maior é associado a Aquário, signo da amizade e das conexões humanas. Ele é o único que toca abertamente o outro ao lado, enfatizando a união e a solidariedade entre os irmãos de fé.
  • Por fim, temos Bartolomeu, que encarna Peixes. É o único com os pés claramente visíveis, saindo da zona de sombra. Os pés são regidos por Peixes, signo da compaixão e da entrega. Tanto ele quanto Filipe (Câncer), são mostrados em movimento, como se desejassem se aproximar de Jesus. Os dois signos mais piedosos da roda zodiacal aparecem aqui em impulso espiritual e devocional.

Ao olharmos para A Última Ceia com essa lente simbólica, percebemos como os signos do zodíaco representam não apenas características humanas, mas também aspectos da jornada espiritual. Cada apóstolo, com seu temperamento e gesto, reflete uma parte de nós. 

Jesus, no centro, representa a totalidade, o ponto de equilíbrio e integração de todas as forças zodiacais. Assim, essa leitura nos convida a compreender que dentro de cada um de nós habitam todos os signos — e que nosso caminho de evolução espiritual também passa por reconhecer, integrar e transmutar esses arquétipos.

Capa do livro “Leonardo Astrólogo”, de Pedro Tornaghi (Ed. Bertrand Brasil), que inspira esta leitura simbólica dos apóstolos e os signos do zodíaco.

Post a Comment

Os comentários são o maior estímulo pra este trabalho. Obrigado!

Postagem Anterior Próxima Postagem