Metas de um Guerreiro: Reflexões Espirituais sobre o Caminho da Consciência

Mandala em tons de vermelho, laranja e dourado, criada por Marcelo Dalla. A composição simboliza o caminho do guerreiro espiritual — foco, coragem, energia vital e presença consciente inspiradas nos ensinamentos de Carlos Castaneda.


Um diálogo entre os ensinamentos de Carlos Castaneda e a visão espiritual da astrologia contemporânea.

Este é um post que publiquei originalmente em 2011 e que hoje revisito com um novo olhar. Naquela época, eu já era fascinado pelos ensinamentos de Carlos Castaneda, antropólogo e escritor que se tornou referência ao relatar suas experiências com o xamanismo e com seu mestre, o enigmático “brujo” Dom Juan Matus.

Li quase todos os seus livros e continuo impressionado com a profundidade simbólica de suas histórias — narrativas que misturam filosofia, espiritualidade e expansão da consciência. Castaneda nos convida a enxergar o mundo não apenas com os olhos da razão, mas com a percepção ampliada do espírito.

Aqui, reúno algumas de suas frases de grande sabedoria, acompanhadas de comentários e reflexões atuais, conectando suas ideias ao caminho do autoconhecimento e à visão espiritual que inspira meu trabalho hoje.

O mundo é oracular

“O mundo que nos cerca é oracular: fatos concretos confirmam ou advertem. A realidade nos fala o tempo todo, mas nós não damos importância a esses sinais e presságios porque não temos a atenção focalizada de modo ampliado. Um mundo não plenamente percebido é um mundo sem sentido, incompleto. Precisamos dirigir nossa atenção a tudo sem exclusões egóicas.”
— Carlos Castaneda

Castaneda nos lembra que o universo é um campo de significados em constante diálogo conosco. Tudo fala — pessoas, acontecimentos, coincidências, o corpo, os sonhos. Nada acontece por acaso e a realidade não é muda, apenas nossa escuta é que costuma estar distraída.

O “mundo oracular” de que ele fala é o mundo simbólico, o entendimento sistêmico da vida, aquele que a astrologia, o tarô, o xamanismo e outras tradições sempre buscaram decifrar.

Viver com “atenção ampliada” é estar consciente dos sinais que nos cercam, percebendo o que há por trás da aparência. Quando a percepção está presa ao ego — ao medo, à pressa, ao controle — perdemos a mensagem oculta dos acontecimentos. Ao expandir a consciência, começamos a ver o tecido invisível que une tudo, e cada fato passa a ter um propósito dentro da jornada da alma.

Apagar a história pessoal

“Apagar a história pessoal (o ego). Pela recapitulação da sua vida, o guerreiro pode livrar-se do ego. É uma ‘limpeza psicanalítica’. Perder a importância própria: qualquer coisa é tão importante quanto nós.”
— Carlos Castaneda

Castaneda fala aqui de um dos pilares do caminho espiritual: libertar-se da identificação com a própria narrativa. “Apagar a história pessoal” não significa negar o passado, mas desapegar-se da forma como o ego o utiliza para manter uma identidade fixa.

Somos condicionados a nos definir pelas dores, conquistas, crenças e papéis que interpretamos. No entanto, quanto mais nos agarramos a essa história, mais difícil se torna ver o mundo com clareza.

A “recapitulação” — prática recorrente nas tradições xamânicas — é o exercício de revisitar a vida com consciência, esvaziando as emoções que ainda nos prendem. É um processo de limpeza energética e psicológica que nos devolve presença e leveza.

Ao “perder a importância própria”, o guerreiro não se torna menos, mas mais livre. Ele compreende que tudo e todos têm valor igual no grande tecido da existência. É dessa humildade que nasce a verdadeira força espiritual.

A consciência da finitude

“Tomar a morte como conselheira.”
— Carlos Castaneda

Poucas frases de Castaneda são tão diretas e transformadoras quanto esta. “Tomar a morte como conselheira” é lembrar que a impermanência é nossa maior mestra. A consciência da finitude não precisa gerar medo — ela pode despertar lucidez, urgência e autenticidade.

Ao reconhecer que o tempo é limitado, deixamos de desperdiçá-lo com distrações, ressentimentos ou vaidades. A presença da morte dissolve o supérfluo e nos ensina a escolher com clareza o que realmente importa.

Para o guerreiro espiritual, a morte não é inimiga, mas uma companheira silenciosa que o mantém desperto. Ela o recorda de que cada ação pode ser a última — e, justamente por isso, deve ser feita com inteireza, coragem e amor.

Silenciar a mente 

“Apagar o diálogo interior (pensamentos obsessivos).”
— Carlos Castaneda

Castaneda se refere ao fluxo incessante de pensamentos que ocupa a mente e nos impede de perceber a realidade de modo direto. O “diálogo interior” é a voz interna que comenta, julga, compara e repete — uma espécie de ruído constante que cria distância entre nós e a vida.

Silenciar a mente não significa parar de pensar, mas deixar de se identificar com o pensamento. Quando o fluxo mental perde força, surge um espaço de presença em que a percepção se amplia. É nesse estado que a intuição fala, que o corpo escuta e que o mundo volta a revelar seus sinais sutis.

O guerreiro, para Castaneda, aprende a observar seus pensamentos sem se perder neles. Ele não busca o vazio por fuga, mas como forma de reconectar-se à consciência silenciosa que tudo sustenta. O silêncio interior é, portanto, um portal — o ponto onde o eu se dissolve e a realidade é percebida como energia viva.

A força da responsabilidade

“Assumir a responsabilidade pelo que nos acontece. O guerreiro nunca é vítima e jamais se queixa.”
— Carlos Castaneda

Aqui, Castaneda toca em um ponto essencial do caminho da consciência: abandonar o papel de vítima. O guerreiro espiritual entende que tudo o que acontece faz parte de um cenário que reflete seu próprio estado interior. Ao assumir responsabilidade, ele não se culpa — ele reconhece que é cocriador da realidade e que cada situação contém uma lição.

Queixar-se é desperdiçar energia. Quando nos lamentamos, reforçamos a identificação com a dor e nos afastamos da força de transformação. O guerreiro, ao contrário, observa, aprende e age. Ele entende que aceitar não é se resignar, mas acolher o que é para, a partir daí, mover-se com consciência.

A verdadeira liberdade começa quando deixamos de esperar que o mundo nos salve. A responsabilidade é o ponto de virada — o instante em que saímos da reação e passamos a criar nossa vida de forma consciente.

O poder de sair da rotina

“Romper as rotinas (abandonar o conhecido, o familiar).”
— Carlos Castaneda

Para Castaneda, a rotina é uma forma sutil de aprisionamento. Ela cria a ilusão de segurança, mas nos mantém presos a comportamentos automáticos e percepções limitadas. Quando tudo se repete — os gestos, os pensamentos, as reações —, deixamos de perceber a vida como mistério e passamos a vivê-la como hábito.

Romper as rotinas é, em essência, sair da zona de conforto. Não se trata de agir por impulso, mas de abrir espaço para o imprevisível, para o encontro com o desconhecido. O guerreiro entende que o aprendizado espiritual acontece justamente nesse território instável, onde o ego perde o controle e a alma desperta.

Abandonar o familiar é um ato de coragem. É permitir que a vida nos surpreenda e nos transforme. Cada vez que nos dispomos a sair do roteiro, ganhamos um pouco mais de liberdade e de presença — e é nesse terreno do novo que a consciência realmente se expande.

A arte de viver com presença

“Ser um caçador (e não a caça). A caça é que tem rotinas.”
— Carlos Castaneda

Ser um “caçador” no sentido de Castaneda não tem nada a ver com violência ou domínio, mas com presença, estratégia e atenção total. O caçador observa o mundo em silêncio, age com precisão e se move com consciência. Ele não desperdiça energia, não se deixa arrastar pelos impulsos nem reage por hábito.

A “caça”, ao contrário, é aquela que vive presa às rotinas — movida pelo medo, pelas repetições inconscientes e pela busca constante de segurança. Quando nos tornamos caça, somos guiados pelas circunstâncias; quando despertamos o caçador interior, passamos a escolher o movimento, guiados pela intenção e não pela reação.

Na linguagem simbólica de Castaneda, o guerreiro é aquele que transforma a vida em arte de observação. Ele caça sua própria inconsciência, suas sombras e automatismos. Ser caçador é viver desperto — com os sentidos abertos, o ego sob vigilância e o coração atento ao instante presente.

Agir com total presença

“Proceder como se fosse seu último ato, os atos do guerreiro são definitivos e estratégicos. Um guerreiro não se arrepende: ele não quer saber se o ato foi certo ou errado, ele o completa e parte em seguida. Ele não tem obsessões, acredita sem acreditar.”
— Carlos Castaneda

Castaneda nos ensina que a consciência plena no agir é a marca do verdadeiro guerreiro espiritual. Proceder como se cada gesto fosse o último não significa viver com pressa ou ansiedade, mas com intensidade e propósito. Quando estamos totalmente presentes em nossas ações, deixamos de desperdiçar energia com dúvidas, arrependimentos e justificativas.

O guerreiro age com estratégia e desapego. Ele dá o melhor de si em cada ato e depois segue adiante, sem olhar para trás. Essa atitude exige maturidade: implica confiar na própria percepção, aceitar as consequências e compreender que tudo o que fazemos é parte do aprendizado.

“Acreditar sem acreditar” é outro ensinamento precioso. Significa manter a mente aberta, sem fanatismo, sem a necessidade de certezas absolutas. O guerreiro sabe que a verdade está em movimento e que o essencial não cabe em definições fixas. Viver assim é uma arte: agir com coragem, desapego e consciência de que cada instante pode ser uma despedida — e, justamente por isso, merece ser vivido por inteiro.

Conclusão

Os ensinamentos de Carlos Castaneda continuam profundamente atuais. Por trás das metáforas e da linguagem xamânica, ele fala de algo essencial: a arte de viver com consciência. Ser guerreiro, nesse contexto, não é lutar contra o mundo, mas cultivar atenção, presença e propósito em cada gesto.

Ao romper as rotinas, silenciar a mente, agir com inteireza e assumir responsabilidade, despertamos o caçador interior — aquele que observa, escolhe e transforma. O guerreiro espiritual sabe que a vida é impermanente, mas também sagrada; que a morte o acompanha, mas não o ameaça. E, acima de tudo, entende que cada ato é uma oportunidade de expressar a alma em sua totalidade.

Essas reflexões, revisitadas tantos anos depois da primeira publicação, continuam me inspirando. O tempo passou, mas a sabedoria de Castaneda permanece como um chamado: viver desperto, consciente da energia que nos move e do mistério que nos envolve.

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2 Comentários

Os comentários são o maior estímulo pra este trabalho. Obrigado!

  1. Marcelo e com seu toque genial ficou muito mais esclarecedor!

    Viva os Guerreiros da Liberdade Total! UHUUUUUUUUUU!!!!!!

    :P

    Castaneda devia ser ensinado na escola!

    ResponderExcluir
  2. William: Viva!!!!!!!
    Tb acho, seria maravilhoso se isso fosse ensinado na escola.
    Bjo

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