O CINTO DE MIL E UMA SONORIDADES


Música e física quântica. Dois assuntos que não saiam da cabeça do garoto. Ele havia assistido a um documentário na TV sobre a “Teoria das Cordas”, que explica o seguinte: as minúsculas partículas atômicas que compõem a matéria na verdade são cordas. Vibram numa determinada freqüência, produzindo som. 

Concluiu com seus botões: Sendo assim, o universo inteiro é feito de música!

Pensava sobre isso quando dormiu e teve um sonho inesquecível. Sonhou que era um Super DJ. Conseguia transmitir e captar músicas por telepatia. Em seu cinto especial - batizado “cinto de mil e uma sonoridades” - tinha armazenadas todas as músicas já criadas até hoje. As que eram criadas em qualquer instante, podia captá-las e arquivá-las automaticamente. Ao chegar num ambiente cheio de pessoas, emitia a música exata pra deixar todos mais alegres. Seu som, aliás, tinha o poder de curar a depressão e qualquer doença. De fazer os bandidos pararem de cometer crimes e sair dançando. Conseguia também flutuar com determinadas freqüências de som e voar para qualquer lugar. Já imaginou?


Acordou extasiado. E depois continuo filosofando: se a evolução é uma lei universal, chegará o dia em que isso será mesmo possível. Os equipamentos eletrônicos se tornam cada vez menores numa velocidade espantosa. Até que daqui a mil, dez mil, ou cem mil anos, as pessoas irão conversar telepaticamente. Transmitir uma idéia ou um sentimento através de sons e imagens. Não existirão mais mentiras nem maldade...

Estes pensamentos o inspiraram. Teve a idéia de tentar reproduzir o cinto de mil e uma sonoridades dentro do possível. Comprou pequenas caixinhas de som e as prendeu num cinto de couro. Ligou-as em dois ipods, guardou cada um num bolso da calça. Não é que deu certo? 

Chamou os amigos para uma festinha, esta seria uma surpresa deliciosa. Quando estavam todos perguntando “e a música, não vai colocar um sonzinho pra gente ouvir?” pegou o cinto e foi até o meio da sala. Ninguém entendeu nada. Enfiou a mão num dos bolsos, ligou um dos ipods. Como num passe de mágica, a música começou a tocar! Dançava com as mãos no bolso, mixava uma e outra com os dois ipods escondidos lá dentro. Todos ficaram maravilhados. “Um DJ portátil!”, diziam. 


A partir dali não ia mais para encontro algum sem seu famoso cinto de mil e uma sonoridades. - É o poder da música! - repetia sempre. Um poder bem maior do que você imagina. Pode nos transportar pra outras dimensões, desperta sentimentos, traduz um estado de espírito. Falar nisso: que tipo de som você prefere? Diz aí?

Alguém dava uma sugestão e lá ia o garoto procurar a música no ipod. Seu arquivo não era tão infinito quanto no sonho, mas dava pra quebrar o galho.

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