
O Vazio
O vazio não é ausência, mas potencialidade absoluta. É o campo primordial, matriz invisível onde tudo pode nascer e para onde tudo retorna. Nas tradições espirituais — do taoismo ao budismo, passando pela cabala — ele é visto como a origem silenciosa de todos os fenômenos.
A matemática pode ser usada como metáfora desse mistério. Se considerarmos a equação 0 = (+1) + (–1), temos duas leituras possíveis:
– Da esquerda para a direita: o zero gera os opostos. Do ponto indiferenciado, surgem Yang (+1) e Yin (–1), os dois polos complementares que estruturam a realidade.
– Da direita para a esquerda: Yang e Yin se anulam, retornando ao ponto neutro. A polaridade se dissolve e reencontra sua unidade no zero.
O zero e a espiral
Muito antes de a matemática europeia reconhecer o zero, os maias já o utilizavam e lhe atribuíram um símbolo poderoso: o caracol, cuja forma remete à espiral. Para eles, o zero não era apenas um número, mas um arquétipo do movimento da vida.
A espiral é, de fato, a melhor representação gráfica do zero. Diferente do círculo fechado, que sugere repetição estática, a espiral transmite a ideia de movimento e geração. Ela integra o ponto sem dimensões ao infinito, mostrando que o ser permanece, mesmo atravessando flutuações e mudanças.
Presente em conchas marinhas, sementes, galáxias, redemoinhos e até nas danças rituais e nos labirintos sagrados, a espiral é um dos símbolos universais mais recorrentes da humanidade. Expressa tanto o ritmo da natureza quanto o caminho da alma em sua jornada evolutiva: um retorno constante à origem, mas sempre em um novo nível de consciência.
– O zero pode ser visto como uma espiral fechada: o potencial absoluto, não manifestado, o silêncio que contém todas as possibilidades.
– O infinito, por sua vez, é a espiral aberta: o zero em movimento, revelando-se como criação, expansão e manifestação.
O zero no Tarô e nas tradições espirituais
No Tarô, o arcano O Louco corresponde ao zero — símbolo da liberdade, do ilimitado e da confiança no fluxo da vida. Ele representa o começo de tudo e, ao mesmo tempo, o fim que retorna ao início, lembrando que o ciclo da existência não é linear, mas circular e espiralado. O Louco é aquele que se lança sem garantias, confia no invisível e se entrega ao mistério da jornada.
As tradições espirituais reforçam essa visão. O budismo ensina: “forma é vazio, e vazio em verdade é forma”. O vazio, nesse sentido, não é um nada estéril, mas um espaço vivo, pulsante, pleno de energia criadora. A ciência moderna dialoga com essa intuição: Fritjof Capra, em O Tao da Física, escreve que “quando se sabe que o grande vazio está cheio de Chi, compreendemos que não há coisa alguma que não seja o nada”.
Para muitos mestres espirituais, o vazio é beatitude e silêncio. É nele que se encontra a plenitude do ser. O “nada” é, paradoxalmente, o campo fértil onde tudo se torna possível. Quem aprende a repousar nesse espaço descobre que o zero não é ausência, mas origem e retorno — o berço do infinito.
A lemniscata: o infinito em movimento
O símbolo do infinito, representado pela lemniscata (o “8” deitado), é uma extensão natural da reflexão sobre o zero e a espiral. Diferente do círculo, que sugere repetição fechada, a lemniscata expressa continuidade em fluxo — um movimento que nunca se encerra, mas que também nunca se rompe.
É como se o zero tivesse se projetado em um caminho dinâmico, ora indo, ora retornando, sempre em equilíbrio. Por isso, a lemniscata aparece em tantas tradições como símbolo de eternidade, de união dos opostos e da dança incessante entre espírito e matéria, vida e morte, criação e dissolução.
Na alquimia, a lemniscata era vista como chave da transmutação: tudo se transforma, mas nada se perde. Simbolicamente surge sobre a cabeça do Mago no Tarô, lembrando que o verdadeiro poder está em saber equilibrar forças complementares.
Assim como a espiral conecta o ponto ao infinito, a lemniscata nos lembra que o infinito não é apenas vastidão sem fim, mas relação viva entre opostos, num fluxo eterno de troca, respiração e transformação.
Reflexão final
O vazio, o zero, a espiral e o infinito são linguagens diferentes para uma mesma ideia: a vida se move em ciclos. A astrologia também nos ensina isso — os planetas giram em suas órbitas, a Lua pulsa em suas fases, a Terra dança em torno do Sol. Tudo respira: expansão e recolhimento, começo e fim, morte e renascimento.
Entre a potência e a manifestação, entre o silêncio e o movimento, existe sempre um espaço sagrado de renovação. Reconhecer essa dinâmica nos lembra que nada é fixo ou definitivo. Somos parte de um fluxo em constante transformação, caminhando em espiral, sempre retornando à origem — mas em um nível mais elevado de consciência.
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Adorei, Marcelo. Grande abraço. Vou partilhar no FB.
ResponderExcluirAinda ontem estava a ler precisamente esse trecho do livro de Veet Pramad. :)
ResponderExcluirGrata pela partilha.
Bom dia minha alegria!!!
ResponderExcluirMarcelo amei!!!
Aprendi com Osho que o vazio dos intervalos corresponde a plenitude da vida...a mão de Deus em ação na numerologia!!
Quero ler este livro!!!!
Beijo grande e muito agradecido por sua dica!!!
Partilhando ...claro!!!!^.^...
Astrid Annabelle
Eu e um amigo que está querendo começar a estudar o tarô (eu já estudei os maioes e ando um pouco parada) estávamos num shopping, quando eu dei de cara com esse livro sozinho numa estante quando comecei a ler a contra-capa me lembrei que era esse que você tinha citado aqui. O livro nos conquistou e como era caro pensamos ao mesmo tempo em rachar o valor e dividir os seus conhecimentos. Incrível mesmo a sincronicidade de tudo. Ele já está lendo alguns trechos e adorando. Depois, mais à frente, vou ler também. Adorei que ele cita os florais... que livro mágico! Obrigada pela dica. Bela :*
ResponderExcluirCada vez que leio algo assim,fico transbordando de felicidade,pois sinto que a vida de fato é muito mais do que se pode imaginar ser . . . é pura energia,luz e sabedoria que vem do criador.
ResponderExcluirBeijos na Alma,
Laura'Laurinha/Pelotas-Rs-Brasil
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