terça-feira, 26 de outubro de 2010

LIBERTANDO-SE DO APEGO


Olá amigos! Em tempos de Sol, Mercúrio, Vênus e Marte em Escorpião, considero importante algumas reflexões sobre o desapego. Segue um artigo muito bom sobre o tema, por Helena Gerenstadt. Pra ser lido de tempos em tempos, só pra não nos esquecermos! :)

"Espaços nos armários são fáceis de se conquistar, desde que desempenhemos com afinco e atenção a tarefa de separar tudo aquilo que já não tem uso. Mais difícil, porém, é abrir espaço na mente e no coração, quase sempre entulhados de velhas idéias e sentimentos confortavelmente conhecidos. Apegamo-nos às nossas crenças como o náufrago se agarra à sua tábua de salvação; raramente nos permitimos aprender a nadar.

Precisamos, periodicamente, fazer uma faxina em nossas vidas, de gavetas a sentimentos, de armários a relacionamentos. Ciúme não é, não foi nem será prova de amor, mas de apego. O ciumento coisifica o ser amado e coloca uma aliança na mão esquerda do cônjuge, com inscrição e tudo mais, exatamente como se coloca uma plaquinha de licença pendurada no pescoço de um animal de estimação. O símbolo da união perde todo o seu valor espiritual e se reveste do caráter de simples argola no dedo, certificado de propriedade com escritura lavrada em cartório de paz. Já vi pessoas ensaiarem os maiores chiliques se o companheiro "perde" o precioso anel. Posse não pode, nem de longe, ser relacionada a amor.

Apego é fruto da ignorância e causa sofrimento, apregoa o budismo. É doença do passado, das pessoas desesperançadas, que não conseguem abrir os olhos para o presente e não vislumbram futuro, porque "o melhor de suas vidas já passou". Se nos apegássemos somente às boas lembranças, talvez ainda valesse à pena. Mas cultivamos memórias de mágoas, dores e tristezas e as arquivamos intactas, sem retirar delas nenhum aprendizado útil. É como rever um filme triste de que já se conhece o final.

"As pessoas estão dispostas a ir para a guerra e até a renunciar à vida por uma causa, mas não podem (ou não conseguem) renunciar às causas do seu sofrimento", afirma o lama tibetano Tarthang Tulku. "Porque existem certas atitudes e preferências de que não gostamos de largar, envolvemo-nos sempre em situações difíceis e experimentamos conflitos interiores. 

Às vezes renunciamos a coisas importantes - nosso dinheiro, nosso lar, nosso tempo, nossas propriedades - sem muita dificuldade. Mas os apegos emocionais - tais como o elogio e a censura, o ganho e a perda, o prazer e a dor, as palavras bondosas e as ásperas - são muito sutis. Estão além do nível físico; existem na personalidade ou na auto-imagem, e não estamos dispostos a deixá-los partir".

Conheço gente bondosa capaz de oferecer o último bocado de comida ou a própria roupa do corpo a alguém, mas que não perdoa "aquela vez que Fulano me disse aquele desaforo". Temos também certas atitudes e preconceitos, geralmente escondidos, de que não gostamos nem sequer de tomar conhecimento. Nossos apegos exercem uma influência magnética que nos retém num lugar como se estivéssemos na prisão. É difícil dizer se essa força controladora provém de nossos atos passados, do nosso medo da morte ou de alguma origem desconhecida; o fato é que não podemos nos mover - e, assim, toda a sorte de frustrações e conflitos nos ataca, criando mais frustração e mais sofrimento", conclui Tarthang Tulku.

Apego é, sem dúvida, atraso de vida. Aos que pensam que acúmulo é sinônimo de prosperidade, é importante saber que ser próspero não se relaciona ao ato de reter, mas de deixar fluir. A avareza é própria dos que acreditam que, num dado momento, alguma coisa pode faltar. Os mesquinhos não acreditam na abundância do universo; são os que enfrentam três horas na fila do gás engarrafado em tempos de greve dos petroleiros, mesmo que possuam um estoque de um ou mais botijões. Acreditam que a greve e a escassez vão durar "para sempre".

O terapeuta Wayne W. Dyer observa em seu livro Crer para Ver (Ed. Record): "Se temos alguma falta é porque estamos nutrindo pensamentos de nada e esse tipo de pensamento sempre amplia o vazio. Podemos nos expandir de maneira mais satisfatória, concentrando-nos na inteireza e compreendendo que não podemos possuir nada, jamais. Isto não exclui sentir grande prazer nas coisas que acumulamos ou das quais nos apoderamos temporariamente".

Tudo está sempre em estado de transformação, inclusive, o título que detemos de nossa propriedade, todos os nossos brinquedos, nossa família, nosso dinheiro, tudo", arremata Dyer. "Tudo em transição. Tudo circulando, caindo em nossos braços para que deles desfrutemos momentaneamente e, em seguida, lançá-los de volta à circulação. Quando internalizamos esta noção de não sermos capazes de possuir nada, ironicamente isso nos liberta para termos tudo que quisermos, sem a preocupação de possuirmos. “Logo descobrimos a alegria de passar adiante e dele compartilhar”.

Catherine Ponder, autora do best-seller Leis Dinâmicas da Prosperidade (Ed. Ibrasa), nos dá a receita da "lei do vácuo para a prosperidade". De acordo com ela, a natureza abomina o vácuo e se ocupa de preenchê-lo; se sua vida estiver entulhada, não haverá como provê-la de prosperidade. Assim sendo, "livre-se do que você não quer para dar lugar ao que você quer. Se houver roupas no seu armário, ou se houver mobília em sua casa ou em seu escritório que você acha que não servem mais; se houver pessoas de suas relações que deixaram de ser agradáveis, comece a eliminar as coisas materiais ou não de sua vida, na esperança de que poderá realmente possuir o que você quer e deseja. Muitas vezes é difícil saber o que se quer, até o momento em que nos livramos daquilo que não queremos".

Quem resiste ao fluxo da vida somatiza entulhos emocionais na forma de acne, aneurisma, arteriosclerose, artrite, artrose, cálculos, coágulos, cravos, enfisema, fibroma, hematomas, hemorróidas, obesidade, prisão de ventre, trombo-se, entre outros.

Usamos várias desculpas para justificar nossos apegos e nossa resistência às mudanças, como bem observou Louise Hay (Você Pode Curar Sua Vida, Ed. Best Seller - video no Youtube aqui). Adotamos atitudes que disfarçam nossa rigidez "mudando de assunto" ou ficando doentes; perdendo tempo com hipóteses ("isso não adiantaria nada"); reforçamos nossas crenças com generalizações ("isso não é direito/não sou esse tipo de gente"); adiamos decisões importantes ("mais tarde eu faço/ não tenho tempo para pensar nisso agora"); resistimos, negando a possibilidade de mudanças ("não adiantaria nada/não há nada de errado comigo"). Com isso repetimos sintomas até materializá-los sob a forma de doenças.

Desapegar nos torna criativos, abre espaço em nossas vidas para o novo e para a arte de improvisar."

22 comentários:

Claudia A Ribas disse...

Esse seu texto está ótimo, intelingentérrimo, riquíssimo. Obrigada por compartilhar esse tema com tanta sabedoria. Sempre temos algo a desapegar.
Bj no coração

Unknown disse...

Quisera todas as minhas alegrias estivessem
numa banca de revista,
mas elas estão onde meus olhos
não alcançam,
embaladas pelos pensamentos
que me enriquem e desanuviam...
Quisera fossem palpáveis todas
as minhas conquistas,
essas que já foram um dia,
mas que jamais deixarão de ser de fato, minhas...
Então choro apenas de saudades,
porque sei que n'algum espaço estão,
onde os reverei um dia...
Sei que nada perdi.
Ideologias de minha travessia,
essa que construir e que estarão
sempre comigo, nos mundos diversos
entre o lado de lá e o aqui...
Então eu sorrio, porque a minha alegria de fato,
nunca foi retirada duma banca de revista...

Celito,
Amanhã é um dia especial pra mim e eu vou querer te ver por lá, como todos esses poucocs anos, que estive no balanço com tua graça
dividindo encantos...

Maravilhosa postagem

Bjs

Livinha

Anorkinda disse...

Importanterentérrimo!

Também tenho este texto no meu blog...e sabe...vez em quando preciso lê-lo...hehehe

bjins!!

Anônimo disse...

É trem dificil!!!!!
Bjs.

Astrid Annabelle disse...

Maravilhoso post!
Riquíssimo texto.
Para ser relido muitas e muitas vezes.
Conheço bem as autoras citadas e com certeza por ter lido os seus livros mudei a minha lenda pessoal.
Sem falar na mandala...esta está um show!!!!!!!!!!!!Lindíssima!
Um beijo grande querido Marcelo!

MARCELO DALLA disse...

Olá Claudia!!!! É um texto muito bom mesmo. Mas quem o escreveu foi Helena Gerenstadt.
Outro bjo no seu coração!

MARCELO DALLA disse...

Livinha querida!!! Já sentia sua falta por aqui... Vida é isso mesmo: mudança, movimento, troca, transformação. Seguimos sempre mais ricos, mesmo que aparentemente tenhamos perdido algo ou alguém.

Lógico que irei, conte com minha presença!!!
bjosssss

MARCELO DALLA disse...

Anorkinda!!!! Dá-lhe trabalhar o desapego, né? :)))
Super bjo, querida!

MARCELO DALLA disse...

Fátima: kkkkkkkkkkkkkkkkk sua simplicidade nos coments é riquíssima também! Adoro!!! kkkkkkk
bjos amiga

MARCELO DALLA disse...

Astrid: meu deu uma idéia - vou linkar os livros que ela cita com as editoras, etc.
bjosssssssssssss

Tina disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Tina disse...

Dalla, a nossa imagem de amor é totalmente deturpada.Não sabemos amar verdadeiramente.
O amor verdadeiro é incondicional, independe de quem vc é, aonde mora, o que faz.Qdo aprendemos a amar incondicionalmente, nos damos conta, que todos somos irmãos, desde daquele que sofre no umbral, até o mais elevado dos mestres!!!

beijosss estalados!

MARCELO DALLA disse...

Ana querida... concordo em gênero e número igual (como diz meu sobrinho).
Eis o aprendizado fundamental!!!!
Outro bjo estalado!!!

Unknown disse...

Aniversário sem abraço, não faz nenhum sentido.
É como uma primavera sem flores
um verão sem sol...

Bjs

Livinha

angela disse...

Muito mas muito bom mesmo.
Liguei para você na segunda...não te achei.
beijinhos

Daniela Scheifler disse...

Marcelo, excelente artigo! Obrigada por partilhar. A vida é fluxo mesmo e confiar nela é co-criar com ela, fiar com. Que confiemos então.

beijos grandes nocê!

vanessa panambi. disse...

Marcelo lindo!
Que delícia esse compartilhar...
E que bom que o fluxo da vida me trouxe até aqui.
O quê eu achei mais bonito disso tudo, além da comparação com o budismo, foi a sintonia do meu post de hoje com o seu.
Li o teu só agora mas me inspirou novamente a movimentar esse assunto e compartlhar por aí afora!
Peço para que se puder, dê uma lida no meu último post, "des construir"

Grande beijo,

Vanessa e baby Yerik

Cassia disse...

Muito bom este texto! Gracias por nos lembrar o quanto o caminho para iluminação passa pelo desapego diário. Ler este blog sempre me faz muito bem.

MARCELO DALLA disse...

Angela: que bom que gostou!!! Vou ligar pra vc amanhã.
bjossss

MARCELO DALLA disse...

Dani: eis o grande aprendizado, né? Tava com saudades, tá de casa nova, tudo novo, né? Delícia!!!!
grande bjo

MARCELO DALLA disse...

Vanessa!!! Amei o post, o blog, seu jeito de escrever, as informações... tudo! E já compartilhei no FB.
Seja sempre bem vinda por aqui!!!
bjos

MARCELO DALLA disse...

Evangelina: o prazer é todo meu em compartilhar, e saber que outros também aproveitam destas informações.
Vc tb, seja sempre bem vinda por aqui, viu?
bjossssssssss

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