Breve história da Astrologia: entre evidências e especulações


A origem da astrologia é mais antiga do que conseguimos mapear com precisão. Há sinais de que a relação entre céu e comportamento humano acompanha a humanidade desde a pré-história. Em sítios arqueológicos na Índia, foram encontrados ossos com marcas e inscrições que lembram anotações astronômicas. A datação aponta mais de 20 mil anos. Não há consenso acadêmico de que esses registros sejam astrológicos, mas mostram que nossos ancestrais observavam padrões celestes muito antes da escrita.

Além desses achados, existe um conjunto de tradições esotéricas e mitológicas que falam de conhecimentos transmitidos por civilizações perdidas ou seres celestes. Algumas correntes espiritualistas citam Atlântida, Lemúria e povos vindos “do céu”. São narrativas antigas, simbólicas e especulativas. Elas fazem parte do imaginário espiritual, mas não têm validação arqueológica. Vale tratá-las como mitos que ajudam a pensar simbolicamente, não como fatos.

O que é documentado
Mesopotâmia, Babilônia e o nascimento da astrologia organizada

A astrologia como sistema estruturado surge na Mesopotâmia, por volta de 3.000 a 2.000 a.C.. Povos da Babilônia, Suméria, Acádia, Assíria e Caldeia observaram por séculos o movimento dos astros, registraram eclipses, acompanharam a repetição dos ciclos e começaram a relacioná-los com eventos na Terra.

É nesse período que aparecem:

  • listas sistemáticas de presságios;
  • registros lunares e solares;
  • tabelas planetárias;
  • o embrião da prática interpretativa.

Os caldeus eram conhecidos como astrólogos-sacerdotes, especialistas no céu. A geografia da região, de grandes planícies e horizontes amplos, favorecia a observação contínua. Chamavam a faixa por onde transitam o Sol e a Lua de Caminho de Anu, o deus do céu. Aqui começam os primeiros traços do que depois seria chamado de zodíaco.

Sobre os Anunnaki, tão presentes no imaginário contemporâneo, o que temos de fato são relatos mitológicos da tradição suméria. No século XX, o escritor Zecharia Sitchin — autor do livro O 12º Planeta — reinterpretou esses mitos como evidência de uma civilização extraterrestre ligada a um planeta chamado Nibiru. A proposta ganhou popularidade, mas não é reconhecida por arqueólogos ou sumériologistas. É uma leitura especulativa, não um dado histórico. Ainda assim, essas narrativas continuam interessantes como metáforas e mitos simbólicos.


A herança grega
Hiparco, geometria e a estrutura moderna

A partir do século VI a.C., o mundo grego absorve conhecimento mesopotâmico e o reorganiza. Surge a ideia dos quatro elementos, o conceito de harmonia cósmica, a associação entre planetas e deuses.

Aqui entra Hiparco, um dos grandes nomes da história da astronomia. Nascido em Niceia, ativo em Alexandria, ele:

  • aperfeiçoou a divisão da circunferência em 360 graus;
  • calculou com precisão a duração do ano;
  • descobriu a precessão dos equinócios;
  • elaborou catálogos estelares;
  • desenvolveu ferramentas como o astrolábio;
  • criou sistemas de latitude e longitude.

A precessão, observada por ele, é a base do conceito das Eras Astrológicas. Aqui vale outra distinção: o cálculo astronômico é real, mas a ideia de “Era de Aquário” com datas exatas é uma construção simbólica. Não há consenso entre astrólogos sobre quando começa ou termina uma Era.

Ascendente, Casas e o refinamento da leitura individual

Por volta do século I a.C., astrólogos gregos começam a incluir o Ascendente — o signo que nascia no horizonte no momento do nascimento. A partir dele, dividem o céu em doze casas, criando um sistema interpretativo mais pessoal e sofisticado. Esse modelo é a base do mapa astrológico moderno.

Nessa mesma época, a astrologia penetra Roma. Imperadores como Tibério e Augusto consultavam astrólogos. Moedas chegaram a ser cunhadas com signos do zodíaco, espalhando o imaginário astrológico pelo império.

A relação entre astrologia e Roma, porém, nunca foi linear. Havia períodos de aceitação e períodos de proibição. Intelectuais romanos criticavam a astrologia por considerá-la perigosa demais — não pela superstição, mas pela influência política.

A virada histórica
Império, Igreja e o declínio do conhecimento antigo

Com a queda de Roma e a ascensão da Igreja, a astrologia passou a ser vista com ambivalência. Em alguns períodos foi tolerada; em outros, condenada. Aos poucos, o conhecimento astrológico greco-romano perdeu espaço até quase desaparecer no Ocidente, sobrevivendo graças a traduções árabes e persas na Idade Média.

Essa parte da história, com seus conflitos e disputas, merece um post próprio. E ela continua.

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