Na música, uma nota oitavada mantém a mesma estrutura, mas vibra em uma frequência mais alta. Para o ouvido humano, soa mais aguda, embora preserve sua essência.
Na astrologia, essa metáfora foi adotada para explicar a relação entre certos planetas pessoais e os transpessoais. Mercúrio, Vênus e Marte representam funções básicas da mente, do afeto e da ação. Já Urano, Netuno e Plutão são compreendidos como suas oitavas superiores, ou seja, expressam essas mesmas funções em uma dimensão mais ampla, impessoal e transformadora.
A associação “oitavas superiores” não vem de um tratado clássico da astrologia antiga, mas de reflexões modernas — principalmente de astrólogos do século XX, influenciados tanto pela música (como metáfora vibracional) quanto pela astrologia psicológica e esotérica. Ela aparece em autores ligados à Teosofia, à Astrologia Esotérica (como Alice Bailey) e depois foi incorporada pela astrologia humanista/psicológica (Dane Rudhyar, Liz Greene, entre outros), que buscavam explicar Urano, Netuno e Plutão em continuidade com os planetas pessoais.
Mercúrio – Urano
Mercúrio representa a mente racional: nossa capacidade de perceber a realidade, formular pensamentos, elaborar conclusões e transmiti-las em forma de palavras, ideias e trocas intelectuais. É o planeta das conexões rápidas, da linguagem e da aprendizagem cotidiana.
Urano, sua oitava superior, amplia essas funções para um nível transpessoal. O impulso mercurial, focado em detalhes e processos, encontra em Urano uma perspectiva mais abrangente, que transcende os limites convencionais de espaço e tempo. Se Mercúrio organiza a informação, Urano provoca saltos de consciência, revelações e insights que quebram padrões estabelecidos.
No entanto, essa energia também traz riscos: quando não encontra direção, Urano pode se manifestar como rebeldia estéril, ideias desconectadas da realidade ou excesso de nervosismo mental. O mesmo relâmpago que ilumina pode também cegar. O aprendizado aqui é permitir que a genialidade uraniana se una à clareza mercurial, para que o insight se transforme em comunicação e construção, em vez de apenas ruptura e caos.
Vênus – Netuno
Vênus representa a afetividade em sua forma pessoal: o prazer de estar em harmonia consigo e com o outro, a capacidade de se relacionar, seduzir, apreciar a beleza e cultivar o amor em suas diversas expressões. É o planeta que rege tanto o desejo de prazer e conforto quanto a busca pela arte e pela estética.
Netuno, sua oitava superior, amplia esses atributos para uma dimensão transpessoal. Se Vênus busca o amor em um vínculo específico, Netuno inspira a compaixão universal, a sensibilidade espiritual e a dissolução das fronteiras entre eu e o outro. Ele traduz o impulso de transcender o amor pessoal para tocar o amor incondicional — aquele que não se limita a uma pessoa ou relação, mas permeia a coletividade e a própria vida.
No nível criativo, essa expansão se manifesta como imaginação poética, inspiração artística e contato com o sublime. No nível espiritual, como devoção e busca de unidade com o todo. Daí também sua associação com estados alterados de consciência, mediunidade, experiências místicas e, em alguns casos, confusões emocionais quando essa energia não encontra canal claro de expressão.
Marte – Plutão
Marte simboliza o impulso vital que nos move: instinto de sobrevivência, desejo, ação direta, energia sexual e iniciativa. Ele representa a chama interior que nos impulsiona a conquistar, lutar, afirmar a vida e fertilizar a matéria.
Plutão, sua oitava superior, leva esse impulso a um nível impessoal e transformador. Se Marte age de forma imediata e instintiva, Plutão manifesta forças profundas do inconsciente coletivo, ligadas ao poder, à destruição e à regeneração. Na mitologia, Plutão é Hades, senhor do submundo, cujo domínio ninguém ousava desafiar.
No plano psicológico, Plutão mostra como o instinto marciano de conquista pode se tornar mais radical: a luta pela sobrevivência se transforma em luta pelo poder. É aqui que surge a sombra: a tendência de manipular, dominar ou projetar esse poder sobre os outros. O perigo é o ego se identificar com essa energia avassaladora e acreditar que é “dono” dela, tornando-se tirano, salvador, vítima ou controlador. Nesse caso, em vez de regenerar, a pessoa se perde na própria obsessão.
O desafio plutoniano é resgatar esse poder para dentro, como autodomínio. Em vez de projetar no mundo, a energia deve servir para a própria transformação: morrer para velhos padrões, romper correntes internas e renascer mais íntegro. O poder de Plutão, quando bem integrado, não é o de dominar o outro, mas o de governar a si mesmo.
Conclusão
A metáfora das oitavas superiores nos convida a perceber que a vida humana pode ser vivida em diferentes níveis de consciência. Mercúrio, Vênus e Marte expressam funções fundamentais da mente, do afeto e da ação em nosso cotidiano. Urano, Netuno e Plutão, como suas oitavas superiores, mostram como essas mesmas funções se expandem: do pensamento lógico ao insight criativo, do amor pessoal à compaixão universal, do impulso instintivo à força de regeneração.
Esses pares planetários revelam que a astrologia não fala apenas do que somos, mas do que podemos nos tornar. As oitavas superiores indicam um caminho de crescimento, onde aquilo que começa como experiência individual encontra ressonância em um plano coletivo e espiritual.
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Excelente texto, querido! Muito bom mesmo. É muito legal essa leitura transpessoal que o símbolo desses planetas nos propiciam.
ResponderExcluirBeijos e um ótimo final de semana!
Dani: amiga querida!!!!!! Sabe que quando organizava este artigo pensei em vc? Estamos em sintonia!!!!!
ResponderExcluirUm lindo fim de semana pra vc tb!
bjossssssss
:-)
ResponderExcluirQue belo texto meu artista predileto!
ResponderExcluirMe fez lembrar do António Rosa....ele gostava muito desse tema....conversou muito comigo sobre isso....
Beijo grande Marcelo♡sempre agradecido!
Astrid Annabelle
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