Este poema foi escrito em 2009. Passaram-se 16 anos — e, ao relê-lo agora, percebo como ele pulsa com ainda mais força. Com mais maturidade, mais consciência, mais verdade. É como se a fada, silenciosa e insistente, tivesse esperado o momento certo para se revelar de novo.
Nesse tempo todo, ela não perdeu sua presença — ao contrário. Tornou-se símbolo. Ela representa a alma desperta, o feminino selvagem, o sagrado que dança entre os mundos enquanto a maioria dorme. Sua presença é etérea, mas incisiva. Desafia o artificial, provoca o adormecido, sopra vida no que foi automatizado.
A estrutura repetitiva do poema — “Enquanto você...” — cria um contraste direto entre o cotidiano inerte e a presença mágica da fada. Esse recurso estabelece um ritmo hipnótico e reflexivo, que provoca o leitor a sair do transe, a acordar.
Algumas imagens continuam vibrantes e necessárias:
“Sonho de plástico” vs. “realidade mágica da natureza” — uma crítica atualíssima ao estilo de vida consumista e desconectado.
“Seu sangue fosforescente pinga nas folhas” — uma imagem visceral, arquetípica, que sugere um ser mítico, psicodélico, talvez xamânico.
“Trabalha nua e transparente, diante do sol” — verso potente, que evoca a nudez como verdade, e a transparência como revelação.
O final do poema tem um tom profético, um chamado oracular para o despertar da consciência. Ele ecoa com tudo o que venho desenvolvendo até hoje: astrologia como ferramenta de expansão, arte como linguagem da alma, espiritualidade como prática cotidiana.
Curiosamente, ao tentar ilustrar o poema agora, encontrei um obstáculo: a censura automática de ferramentas digitais, que barram a nudez mesmo quando usada com beleza, simbolismo e intenção artística. Isso só reforça a temática do poema: a oposição entre o natural e o artificial, entre o simbólico e o mecanizado, entre a alma e o algoritmo, entre a arte e os tabus.
Por isso, decidi compartilhar este poema novamente, com essa nova introdução. Talvez ele faça parte de um livro que venho desenvolvendo - OUTRAS GALÁXIAS. Por ora, ele retorna aqui, no blog, como um convite: pare. Ouça. Sinta. Ela pode estar passando agora — e só os despertos conseguem vê-la.
Enquanto você dorme, ela surge no jardim.Exala um perfume diferente de tudo o que já sentiu,
Bate as asas, rodopia, pisca os olhos.
Seus pensamentos provocam uma brisa leve e quente -
São pequenas bolas de fogo
Que a seguem por entre as árvores.
Enquanto você baba em seu lençol sintético,
Ela aparece contra os primeiros raios da manhã
E toca em frações de segundo as raízes da eternidade.
Caleidoscópio de cores mergulhadas:
Um espírito dentro de um espírito, dentro de outro espírito.
Seu sangue fosforescente pinga nas folhas e no chão
Gotas de um antigo êxtase, mais antigo que a morte.
Enquanto você sonha um sonho de plástico,
Ela vem e traz a realidade mágica da natureza.
Levanta-se pelo ar e passa sem fazer barulho
Numa sutileza tão marcante quanto doce.
Imita por um lado as nações celestes,
Por outro lado a terra seca e ávida de sua luz.
Enquanto você acha que nada acontece,
Ela trabalha nua e transparente, diante do sol.
As flores de seu corpo trazem a força da tristeza e da alegria,
Lágrimas, virtudes e inspirações numa ardente confusão.
Seu silêncio anuncia o dia
Que é mágico só pra quem consegue percebê-la.
Você pode se oferecer para ser fisgado,
Arrebatado, enlouquecido por ela.
Ou continuar no tumulto das sombras,
A absorver o gosto amargo do concreto.
Enquanto você dorme, os porões se enchem de água…
O tempo é escasso antes das trevas, portanto, não demore.
Ou ela se vai, levando sua chance de felicidade.
Que lindo Marcelo!
ResponderExcluirIlustração? Já está na minha coleção!!!Rsss
Muitos bjs pro cê!
A ilustração é espectacular e o poema muito sensível. Gostei. abraço.
ResponderExcluirsem palavras...
ResponderExcluirIlustração belíssima, e texto melhor ainda!
Deixa na gente essa vontade de ser arrebatado...quem n quer isso?
beijos e bom dia para vc!
Parabéns, Marcelo!
ResponderExcluirSabe o que eu sinto?
Por onde passeio percebo que surge uma nova categoria de poemas, contos, crônicas...
Aquela que vai além do amor romântico... com Nova Energia como conteúdo.
Interessante!
A&L
Olá Marcelo o poema é lindo demais e a ilustração maravilhosa.Beijinhos.
ResponderExcluirGostei viu Marcelo, texto e imagem bem legais!:)
ResponderExcluirGi
parabéns Marcelo mais uma vez perfeito... adooooro isto...
ResponderExcluirAdriana!!! eu tb sinto isso. Há um novo tema q paira no inconsciente coletivo. O tema do novo mundo!!!!
ResponderExcluirOi, Marcelo, seja muito bem-vindo!!!
ResponderExcluirFiquei duplamente honrada, ao te receber e, agora, ao te seguir!!!
Te convido a pegar o selinho de luz, para iluminarmos muitas outras caminhadas.
Bjinhosssssssssss
Marcelo, lindíssimo poema.
ResponderExcluirMas,todas as manhãs trazem a oportunidade do recomeço, da vitória, da renovação da energia, da alegria, da força do querer.Bjs
Tem razao Kyria!!! Apenas quis passar a idéia da urgência do depertar para a natureza versus artificialidade. bjos
ResponderExcluirVocê tem razão, se este despertar for demorado não haverá o quê fazer e isto é contra tudo o que eu acredito,mas certas atitudes são definitivas não é mesmo?Bjs
ResponderExcluirQue lindo texto Marcelo, parabens!
ResponderExcluirEstou chocada!
ResponderExcluirMarcelo,eu já te falei do meu sonho?Eu era uma fada,uma luz brilhante, na madrugada encontrei outras "luzes" e volitamos até uma aldeia de pescadores.Nessa aldeia,as pessoas estavam muito tristes e desanimadas com a pesca escassa.Então, o nosso trabalho era levar luz e esperança para o povo que estva dormindo...Fizemos isso e ao amanhecer, aguardamos a auro e os primeiros raios solares...Eu fiquei para sentir o "calor" de Deus!!E acordei em êxtase!
Acredita amigo...
Muito interessante esse poema...
bjos de luz
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